Na última quinta-feira (28), o ator e diretor Selton Mello
esteve no cinema UCI Orient Shopping Barra, em Salvador, para divulgar o seu
mais novo filme “O Filme da Minha Vida”, o qual ele dirige e atua. Com muita
simpatia, o ator recebeu a imprensa, respondeu a todos e falou sobre o filme,
projetos e carreira.
“Uma flor no meio do asfalto”, palavras que Selton usa para
descrever um filme tão doce e terno, no meio do caos. Diferentemente de “O
Palhaço”, filme original que ele dirigiu, co-escreveu e atuou, em 2011, “O
Filme da Minha Vida” é baseado no livro do autor chileno Antonio Skármeta, “Um
Pai de Cinema”, o mesmo que escreveu “O Carteiro e o Poeta”.
A ideia de ter Selton na direção do filme, foi do próprio autor.
Skármeta ama o Brasil e queria que o filme fosse filmado no país. Então, entrou
em contato com um amigo brasileiro, procurando indicação, e esse amigo citou o
nome do ator. Quando recebeu o telefonema de Antonio, Selton achou que era
trote, mas quando viu que era sério, aceitou o desafio, já que o livro o
emocionou. No entanto, ele quis ir além das páginas; e para que o filme ficasse
mais interessante, considerando que a produção cinematográfica tem um tempo
diferente de uma obra literária, acrescentou conflitos e pontos de viradas.
A escolha do elenco não poderia ser mais afinada. Johnny Massaro,
protagonista, como Selton mesmo diz, é espetacular. Um dos melhores atores de
sua geração e que conduz a história sem pressa. A atuação dele é exatamente o
que o filme pede. Tem serenidade e intensidade. E veio Vincent Cassel, que leu
o roteiro e disse “eu quero!”. O ator hollywoodiano é a escolha perfeita para o
papel do pai que vai embora. Outro nome no elenco que não pode deixar de ser
citado, é o de Bruna Linzmeyer. O olhar da atriz é capaz de revelar qualquer
segredo que há no roteiro. Selton brinca que o filme é cheio de spoilers e pede
para que quem assistiu, por favor, não os revele. No entanto, não há segredo
que o olhar de uma atriz, que tem uma expressão tão forte e trabalha de maneira
tão genial, fique oculto. Bia Arantes, Martha Nowill, Rolando Boldrin e Ondina
Clais também fazem um trabalho memorável. Antonio Skármeta faz uma participação
no filme, como o dono do bordel. A cena foi escrita por ele mesmo para estar no
filme.
Selton acredita que um dos segredos para que o elenco esteja
tão à vontade em cena, seja o fato da direção ser de outro ator. Apesar de ser
um trabalho que exige mais, ele tem uma compreensão do que pedir e de como
agir. E sendo ator, ele conhece bem o trabalho, já que começou na profissão aos
oito anos de idade e já tem 35 anos de carreira. Ele diz que não sabe não atuar
e que atuar é brincar, é lúdico, é leve. É um trabalho de uma vida inteira e
que tem o reconhecimento mais do que merecido.
O filme é ambientado no sul do Brasil, na década de 60. A
fotografia impecável, há cenas merecidas de pura contemplação de cenário, e a
seleção refinada de músicas ajudam a construir a jornada de Tony (Johnny
Massaro) depois da partida de seu pai, o francês Nicolas (Vincent Cassel). A
família rompida, o amadurecimento de um jovem que sente saudades do pai e que
espera uma notícia qualquer para entender o que aconteceu, a descoberta do amor...
a passagem da vida que transforma um garoto em um homem contada de forma
brilhante e emocionante. O filme é feito para alcançar o grande público;
contudo, o refinamento é o mesmo de um grande filme, por exemplo, europeu. E é
isso que faz de “O Filme da Minha Vida” ser essa obra fantástica, que emociona bastante
o público. Há tanto nele, riqueza de tal maneira em seus detalhes e é tão bem
feito, que já pode entrar para o hall dos melhores filmes nacionais. O público
merece esse filme e o filme merece ser visto pelo grande público.
Ao ser questionado se aspira premiações importantes pelo
mundo a fora, inclusive o Oscar, Selton diz que o prazer é chegar ao público, é
comunicar. Qualquer coisa que venha a partir disso, é de bom grado.
O diretor dedicou “O Filme da Minha Vida” à família. Seu
berço familiar o ajudou a trilhar esse caminho de sucesso e ele diz que deve
tudo ao pai e a mãe. Não poderia ser um presente melhor. Os aplausos que
acompanham os créditos, revelam a receptividade e ratificam a potencialidade
que o cinema nacional tem. Há muita coisa boa e o público merece isso. O cinema
nacional merece ser levado, apresentado pelo mundo a fora, mostrando a competência
que o Brasil tem. Para os amantes da sétima arte, é um alívio ouvir de Selton,
que tem uma jornada incrível no mundo do audiovisual, que o cinema nunca vai
morrer. O trabalho dele é a prova disso.
Por fora, o ator contou que está filmando uma série na
Netflix sobre a Lava-Jato, dirigida por José Padilha (Tropa de Elite). Apesar
de não poder dar detalhes, ele diz que é uma série importante, pois “precisamos
falar sobre o que vivemos” e que está a cara do diretor. O trabalho de Padilha
é honesto. Não se pode esperar meias palavras. Certamente, o assunto será
tratado no melhor estilo “tiro, porrada e bomba”. Polêmica vindo por aí. Somado
a isso, ao ser perguntado sobre o que pensa das plataformas de streaming e
YouTube, ele conta que acha fantástico e que nunca pensou que fossem capazes de
alcançar um público tão grande; e desconsidera ser concorrente do cinema. E ao perceber o sucesso que fazem, já pensa em desenvolver algo
para o YouTube. Ficamos no aguardo!
“O Filme da Minha Vida” estreia dia 3 agosto, mas já pode ser
visto em diversas salas pelo Brasil, como pré-estreia. Imperdível!
# Cobertura feita por Rafaela Icó
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